Projeto na Serra da Canastra ajuda na preservação do lobo-guará

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Fonte: G1

Um projeto que já existe há 15 anos tem garantido o monitoramento de lobos na região da Serra da Canastra em São Roque de Minas. O objetivo é preservar a espécie ameaçada de extinção. O  projeto Lobos da Canastra através  do Instituto Pró-Carnívoros e do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do ICMBio, trabalha com uma equipe especializada na região que captura o lobo-guará e através de uma coleira chamada de rádio-colar é feito o monitoramento do animal.

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Lobo-guará na Serra da Canastra (Foto: Joarez May/Divulgação)

 

                                                                                                                                                                                                           

Os dados obtidos servem para auxiliar na compreensão dos hábitos dentro e fora do parque, entender suas áreas de vida, territórios e hábitos. Essas análises são úteis na tomada de atitudes em prol da conservação da espécie.

Segundo o biólogo e coordenador do projeto Rogério Cunha de Paula, a possibilidade de capturar os animais  já permitiu em datas anteriores avaliar a saúde deles, hábitos e composição familiar. O acompanhamento é  frequente e se divide em fases. “Essa divisão permite sabermos um conjunto de coisas, que somadas nos levam a executar ações para a conservação da espécie. O que por sinal foi elaborado e consta em um plano de ações estratégicas”, contou o biólogo.

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Equipe captura lobos e os monitoram com um rádio colar (Foto: Fernanda Azevedo/Divulgação)

 

Cada fase do processo de estudos sobre o lobo-guará é guiada por um objetivo diferente, segundo Rogério. Até 2009 foi feito o mapeamento do território do animal, hábitos alimentares e estudos sobre convivência. Foi nessa época, que a equipe do Projeto Lobos da Canastra, através do Instituto Pró-Carnívoros teve uma das várias surpresas dentro do projeto. “Como o lobo é um animal de hábitos solitários, não imaginávamos que eles pudessem ter tanta tolerância uns com os outros. Dentro da pesquisa de mapeamento constatamos que eles não vivem juntos, mas estão sempre na mesma área, passam pelas mesmas estradas e estão sempre muito próximos, mesmo sendo animais solitários”, explicou.

Seguindo o documento oficial de plano de ações para conservação do lobo,  Rogério  trabalha junto com a equipe desde 2005 com educação ambiental em São Roque de Minas e no entorno do Parque Nacional da Serra da Canastra a fim de conscientizar a importância do mamífero na região.

 

 

Embora alguns fazendeiros abominem a presença dos lobos, pelo simples fato de comerem suas galinhas, Rogério disse que eles precisam ser mais tolerantes ao animal. “Essa tolerância reflete no equilíbrio

Lobos são sedados para instalação do rádio colar (Foto: Adriano Gambarini/Divulgação)
Lobos são sedados para instalação do rádio colar (Foto: Adriano Gambarini/Divulgação)

ambiental. Sempre dizemos que o lobo é um forte instrumento de  reflorestamento do cerrado. Ele come muitas frutas e percorre a região disseminando as sementes pelas fezes, o que o torna um grande recuperador do cerrado. Consideramos que as  áreas totalmente degradadas, através do lobo elas podem ser reestabelecidas” afirmou de Paula.

Para o biólogo a presença do lobo incomoda por ele se alimentar das aves que ficam soltas nas fazendas, por isso, como forma de evitar que os lobos se alimentem das galinhas foram construídos mais de 80 galinheiros a prova de lobos. “Se a galinha for protegida o lobo deixa de ser um inimigo e de lesar a criação dos fazendeiros. Consequentemente o animal passa ser mais tolerável, por isso investimos nessa parte educativa associada a construção de galinheiros”, ressaltou.

 

Lobos da Canastra

A região segundo Rogério é bastante povoada pelos lobos, existem hoje cerca de 160 animais em toda a região do Parque Nacional da Serra da Canastra. Para a preservação é feita coleta de sangue 
para avaliar a saúde. O lobo-guará não é feroz ele pertence  família dos carnívoros, mas além de comer ratinhos, aves entre outros pequenos animais, gosta muito de frutas que durante parte do ano são a base se sua alimentação, segundo o biólogo.

A captura ocorre durante as expedições, para isso, a armadilha é colocada nas áreas já mapeadas pela equipe, com iscas que podem ser sardinhas ou frango cozido. “O cheiro dessas iscas estimulam os animais que estão passando na estrada  a entrarem na armadilha. Como ela é grande não oferece risco ao animal. Como a isca está no fundo, ele vai ser capturado somente se estiver totalmente dentro dela”, disse.

Segundo o veterinário do projeto desde 2007, Ricardo Arrais, depois do procedimento de captura os animais são equipados com um rádio-colar com transmissor VHF e tecnologia GPS que entra em contato satélite e transmite sua coordenada geográfica exata. “A coleira emite também um sinal de rádio que nos permite saber onde o animal se encontra e permanece com ele por um ano. Após esse período, um dispositivo é ativado e o colar se desprende sozinho. Isso faz com que não seja necessário recapturar o lobo apenas para retirar o colar. Esse equipamento permite um monitoramento a distância, quase ao vivo, por ser dotada de alta tecnologia que acumula pontos de localização dos lobos a cada hora e os transmitem diversas vezes ao dia para um satélite que por sua vez envia para um terminal de computador”, contou.

Biólogo Rogério Cunha com o lobo-guará (Foto: Fabiana Rocha/Divulgação)
Biólogo Rogério Cunha com o lobo-guará
(Foto: Fabiana Rocha/Divulgação)

Os lobos-guarás da Canastra foram os primeiros e são os únicos do mundo atualmente a serem acompanhados por este equipamento de monitoramento por satélite, segundo o veterinário.

O veterinário Ricardo Arrais  permaneceu por um longo período na Serra da Canastra realizando estudos sobre a espécie, um deles foi sobre doenças transmitidas aos lobos através de cães domésticos. “Os lobos são susceptíveis a doenças transmitidas por cães domésticos. Esses estudos são os primeiros passos, e  nos permitem pensar em quais atitudes tomar posteriormente sobre possíveis tratamentos. A preocupação foi em  prezar pela saúde dos cães, consequentemente a dos lobos. Conseguimos entender melhor sobre a dinâmica de algumas doenças transmitidas por carrapatos”, ressaltou.

 

O parque

O Parque Nacional da Serra da Canastra delimita uma área de cerca de 200 mil hectares, o que equivale a mais de 400 km de perímetro. Foi criado em 1972 para proteger a área, que é de extrema importância ecológica e, devido à extensão do local e aos moradores que habitam a região do entorno do parque, Arnaldo Ferreira da Silva. A proteção integral da área é uma tarefa muito complexa. Isso é o que disse o chefe substituto do Parque Nacional da Serra da Canastra, . “Achamos muito difícil porque temos uma área muito grande de proteção e inclusive uma área não regularizada, dar proteção integral a essa área é um trabalho complicado, por isso é inevitável contarmos com a ajuda da população”, alertou.

No parque está a nascente do rio São Francisco e a Cachoeira Casca Danta, dois importantes pontos turísticos da região, e são esses pontos que os brigadistas mais se preocupam em preservar. “É claro que nosso objetivo é preservar todo o parque, não queremos ver nenhuma área queimada, mas a nossa principal preocupação é que em casos de incêndios, que não afetem esses dois pontos para que não ameacem os visitantes dessa área, por isso fechamos o parque em casos de incêndio”, concluiu o chefe substituto do parque.

 

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