“Só se preserva aquilo que se ama, só se ama aquilo que se conhece” (Aloísio Magalhães).
A partir dessa citação, é importante destacar a importância de se conhecer uma espécie envolvida em lendas e conflitos e tão importante apresentá-la à sociedade de forma a promover a coexistência harmoniosa. O turismo é uma ferramenta que pode promover a difusão desse conhecimento, e aproximar a sociedade da natureza, dos animais.
O turismo de observação de fauna promove o encantamento, desperta sentimentos à espécie envolvida que antes podem nunca terem sido sentidos. Funciona como uma ferramenta excepcional de conservação, já que os visitantes são atraídos justamente pela experiência de estar na presença de um animal. Para atender as necessidades do empreendimento, criam-se empregos dos mais variados tipos, muitos deles para as populações locais, que passam a perceber a importância de manter o ecossistema preservado e os animais vivos.
A partir daí o conflito diminui ou cessa totalmente e os animais são vistos de outra forma. Por outro lado, o turismo irresponsável pode gerar impactos negativos na vida silvestre. Sem cuidados ou conhecimento sobre o comportamento ou mesmo a dinâmica populacional da espécie envolvida, comportamentos podem sofrer alterações. O turismo de observação pode causar pressões nos animais, alterar hábitos, inibir ciclos reprodutivos. Pode afetar a saúde, em virtude do estresse envolvido e, por isso, precisa ser feito de forma a respeitar os limites de cada espécie. Forçar a presença de um animal em um lugar, ou atraí-lo de forma prejudicial à sua saúde, pode provocar prejuízos diversos. Trabalhar com o turismo de forma sustentável, buscando o bem-estar dos animais observados, é o caminho para uma atividade de sucesso para homem e animal. O turismo de observação tem sido apontado como uma das soluções para melhorar a aceitação de predadores em áreas de conflito ou mesmo melhorar a percepção geral da sociedade para a fauna. Investigações e ações para implantação destas atividades são ainda pouco utilizadas como estratégias de conservação.
Assim, entender como os animais respondem à presença humana e como propiciar a observação da fauna sem alterar seu comportamento natural e gerar prejuízos à saúde dos animais e toda a população é essencial para os bons resultados socioeconômicos e para a proteção da fauna.
Até 2020 eram acompanhadas duas famílias de lobos-guarás: Pimenta e Ricco; e Mika e Picco, que cuidavam de três e dois filhotes respectivamente. Atualmente apenas Mika e Picco permanecem sendo monitorados, pois infelizmente o Ricco foi atropelado (em janeiro/2023) e a Pimenta não foi mais localizada, possivelmente tenha morrido pelos diversos riscos que há na região. Outro casal que está sendo acompanhado pela equipe é Raffa e a Clara. Além dos casais, há duas fêmeas que estão sendo monitoradas: a Lupi e a Bella.
Esses indivíduos estão em constante acompanhamento e em especial nas Expedições “Sem sarna pra se coça”. Muitos animais são identificados com sarna. Para esses casos, a equipe do projeto faz o devido tratamento, com o uso de medicamentos. Os animais são também monitorados por armadilhas fotográficas e coleiras com GPS. Assim, é possível saber por onde os animais andam, e aumentam-se as possibilidades de novas capturas para acompanhar o tratamento e a melhora da saúde. Para isso, exames diversos são realizados. O protocolo que a equipe vem desenvolvendo, incorre em um tratamento dos animais em vida livre, sem a necessidade de internação em alguma instituição, o que representaria alterações significativas em sua vida e grande estresse para os animais recolhidos.