Pesquisa

Pegadas

Os lobos são digitígrados, ou seja se apoiam principalmente nos dedos para caminhar. Por isso precisam de grande amortecimento nos dedos.

A análise dos rastros deixados por um animal é uma das formas mais antigas de se acompanhar seu dia a dia e aprender sobre seu comportamento. É usado desde quando os primeiros hominídeos caçavam os animais para se alimentar.

Pesquisadores do mundo inteiro, ainda no presente, baseiam seus estudos nas pegadas deixadas pelos animais. E hoje a tecnologia auxilia também. Com uma foto de uma pegada, um pesquisador pode descobrir qual o indivíduo que a deixou ali. Para isso detalhes sobre as medidas dos dedos, almofadas, distâncias entre eles, entre outras composições devem ser computadas anteriormente.

E tais detalhes são destaques nas marcas deixadas pelos lobos-guarás. E a estrutura de suas patas refletem seus hábitos de andarilho.

Desta forma o lobo-guará possuem 5 dedos nas patas anteriores (sendo um vestigial como nos cães domésticos) com grandes almofadas praticamente do mesmo tamanho da almofada da palma. Os dois dedos centrais são ligados na base por uma membrana. A almofada é triangular e absorve o impacto de forma secundária. Possuem também unhas grandes e grossas que ajudam a correr ou arrancar quando necessário. As patas traseiras possuem 4 dedos. São um pouco mais estreitas que as patas anteriores e os dedos um pouco menores.

As pegadas refletem essa anatomia: Impressão dos dedos grandes em forma de gota, na maioria das vezes unidos na base, e mostrando somente a ponta das unhas. As almofadas as vezes aparecem somente em uma ponta triangular principalmente nas patas da frente.

Armadilhas Fotográficas

Quando o animal entra na zona de interferência, a câmera é ativada e dispara a foto do lobo automaticamente.

As armadilhas fotográficas são uma forma interessante e simples de se conhecer os animais presentes em um lugar e até algumas informações importantes. Com a finalidade de se obter simples registros, qualquer pessoa pode instalar uma armadilha como essa e “capturar” imagens. Trata-se de câmeras fotográficas conectadas a um circuito de detecção de movimento.

As inúmeras características marcantes do lobo-guará (patas pretas, crina, tamanho do rabo, partes brancas) auxiliam na identificação dos indivíduos flagrados por esse equipamento. Para isso posiciona-se a armadilha fotográfica ao longo de uma trilha ou em locais com suspeita de passagem, objetivando uma imagem da lateral do corpo do animal.

Na pesquisa com os lobos-guarás, o equipamento pode ser utilizado em censos populacionais para observar a quantidade de lobos em uma região, observação de seu padrão de atividade diário, registros de filhotes e até mesmo para descobrir se o lobo é o tão mal falado ladrão do galinheiro!

Marcações Visuais

O local de aplicação é sempre higienizado com produtos específicos antes e depois da instalação prevenindo qualquer infecção ou infestação de parasitas.

Os lobos tem marcações naturais que permitem saber quem é quem. Mas em alguns estudos, de comportamento por exemplo, que necessitam da confirmação rápida da identidade do animal, brincos de identificação são usados como marcadores visuais para observação a longas distâncias. Os brincos são aplicados seguindo uma coloração e numeração pré-determinada e um posicionamento na orelha de acordo com o sexo do animal.

Nos projetos de pesquisa com lobo-guará, os animais recebem esse brinco e nunca foi observado um processo inflamatório/ infeccioso/ parasitário no local do identificador. Também nunca foi observada nenhuma lesão que poderia comprometer a funcionalidade da orelha, pois a instalação segue um posicionamento cuidadoso que evita a ruptura de vasos.

Pesquisa

Para o lobo-guará, instala-se armadilhas do tipo gaiola com portas em fechamento de guilhotina acionadas por um gatilho em plataforma ou preso direto em uma isca, ambos no fundo da mesma.

A instalação das coleiras, do brinco de identificação, além de outras necessidades,  requer a contenção do animal. Os procedimentos de captura variam bastante entre os carnívoros.  Armadilhas de captura de lobo-guará foram desenhadas especificamente para a espécie, observando a altura e comprimento padrão da espécie, e com objetivo de permitir que o animal tenha movimentação parcial em seu interior, sem riscos de injúrias de qualquer natureza ao ser capturado. A iscagem é realizada com atrativos alimentares e de cheiro (frango cozido, bacon, sardinha, frutas). As armadilhas devem ser checadas toda manhã (e, às vezes, no período noturno), após o horário de atividade dos animais.

Após os lobos serem capturados, devem ser anestesiados por veterinários treinados em trabalhos com animais silvestres. Com o animal anestesiado, dá-se início à primeira parte da investigação. Avaliações sobre as condições físicas dos animais, bem como seu peso, idade, sexo e aspecto clínico, são realizadas através da anamnese geral. A seguir, mede-se o lobo inteiro, todas as suas partes, com o intuito de observar diferenças de peso e saúde em função da idade ao longo do tempo. Paralelamente, coleta-se material biológico, como fezes, urina, sêmen, leite (quando em lactação), pelos, e, principalmente, sangue.

As amostras biológicas são fontes inesgotáveis de informações. E o sangue, um componente importantíssimo. Através do sangue, pode-se investigar se o lobo contraiu doenças presentes no meio e realizar estudos genéticos e reprodutivos. As análises podem ser feitas a céu aberto, próximas à própria armadilha, mas, dependendo da necessidade de isolamento para evitar contaminação, as amostras são processadas em laboratórios.

A recuperação de qualquer animal é acompanhada de perto e sua liberação só é permitida após total restabelecimento. Mesmo após a soltura, o animal deve ser monitorado e observado a distância.

MUITO IMPORTANTE:

Somente pessoas autorizadas pelo Governo Federal (ICMBio ou IBAMA) – através de uma licença de pesquisa – pode capturar o lobo-guará e/ou outros animais silvestres. A captura sem devida autorização é considerada CRIME AMBIENTAL e a pessoa sofrerá sanções legais com o ato. O processo de autorização analisa se as armadilhas e o procedimento utilizado, além dos equipamentos a serem utilizados na pesquisa, estão nas conformidades que conferem segurança e priorizam bem-estar e saúde dos animais.